domingo, 28 de junho de 2009

UM ALÔ AO SISTEMA...(texto número 7}

A vida das últimas décadas está mudando, isto é, modificando-se dentro e fora de nossas casas. O que causa tudo isto? Não se pode afirmar com precisão, sendo que faz parte da evolução que o mundo sofre através dos tempos.

Vamos dar uma grande folheada ao passado, e toparemos com um fato responsável pelo começo do grande impulso que transformou a vida do ser humano no planeta: a invenção da roda. Pode-se dizer que aí foram abertas as cortinas do palco da vida, dando margem à uma sucessão de descobertas através dos tempos; toda a evolução tem seus dois lados, como faces de uma moeda:” os que crescem com ela, e os que pagam a conta...”

O ser humano, com a sabedoria que o CREADOR lhe conferiu, não parou por ali, depois da descoberta da eletricidade a evolução acelerou, de maneira mais rápida, a sua aplicação para novos e determinados fins.

Está claro que tudo contribuiu, que em pouco tempo fossem sentidas mudanças na vida das pessoas cujos costumes foram se modificando numa adaptação aos apelos da sociedade. Em tempos passados, as famílias costumavam se reunir às refeições no meio do dia: pai, mãe, filhos e avós etc...,firmando uma união familiar, sendo que ao jantar, essa prática se repetia, colocando, uma ordem no seu cotidiano, com os ajustes de assuntos que ficaram pendentes no decorrer do dia. Trocavam-se idéias, queixas ou alegrias, com a figura do pai e mãe, encabeçando a ordem familiar. O pai provia as necessidades econômicas da casa e a mãe participava na ordem, segurança e respeito, mantendo o conceito de autoridade perante os filhos.

O tempo foi passando, e a tranqüilidade dos velhos tempos foi abrindo espaço para a agitação das novidades que foram surgindo. O mundo foi se tornando palco de muitas mudanças; as novidades em aparelhos eletrônicos de larga recreação foram atraindo as famílias e as donas de casa por eletrodomésticos.

O rádio, que até então, era a principal fonte de notícias, tornou-se obsoleto, com o surgimento do televisor, que proporcionava “áudio e vídeo,”o novo “ETÊ” das paradas do sucesso! Essas novidades, no princípio, eram adquiridas apenas, por pessoas de maior poder econômico; os valores desses aparelhos eram muito altos, com o passar do tempo foram baixando, sendo que nos dias atuais fazem parte da vida dos mais carentes.

As donas de casa foram presenteadas com outra ordem de benefícios: a invasão dos eletrodomésticos tais como: liquidificadores, máquinas de lavar e centrifugar, aspiradores de pó, fogões a gás etc...

Assim, as empregadas domésticas: cozinheiras, copeiras e outras “EIRAS”, iam sendo dispensadas; foi um grande choque, para essas serviçais, que contribuíam para aumentar a renda familiar de suas casas, serem obrigadas a procurar novas alternativas.

Com a adoção desta nova vida, a harmonia da família sofreu mudanças. Para adquirir tudo isso e ingressar no mundo fantástico de toda essa parafernália, envolvida com as notícias do mundo, a mulher valeu-se de uma nova postura diante de si mesma, entre vários outros motivos, resolveu partir em busca de novos valores para sua vida.

O mundo crescia rápido demais e o aumento da renda familiar se fazia necessário. Lucros e perdas andaram lado a lado. Enquanto a mulher começava a conhecer sua potencialidade, a família perdia, através dos filhos, a vigilante mãe e o companheirismo.

Correndo atrás de valores diferentes, dando asas à empolgação, começou a cursar o ensino superior, diplomar-se, prestar concursos e ingressar ativamente, com certa propriedade, na carreira diplomática, cargos executivos e almejar até a presidência da república. Como ficaram os filhos? Como ficou o aconchego familiar?

Não há culpa de ninguém que os caminhos do mundo sejam estes.

A responsabilidade é do “Todo” um pouco de tudo e de todos.

...E o mundo continua em franca evolução, tudo contribuindo para sacudir com a estabilidade da instituição mais antiga que é a família. As fronteiras dos paises, silenciosamente, foram dando passagem para uma inescrupulosa mercadoria o mundo das drogas; atingindo os jovens incautos, chegando às crianças inocentes. Os lares carentes da vigilância de uma família presente.

Ficaram a mercê da desagregação. A situação de desespero tomou conta de pais impotentes, que não tem idéia do que fazer diante desta catástrofe da proliferação das drogas instaladas no mundo.

Nossos filhos, diante dos perigos que há tempos vem ameaçando sua liberdade perderam, de sua infância o direito de brincar livremente, subir em árvores, colher frutos, pelos perigos ameaçadores dos estranhos, por motivos vários que todos conhecem. As babás nem sempre são pessoas confiáveis.

Felizes as famílias que possuem em casa as vovós que se dedicam a zelar por seus filhos, dando aquela mãozinha que só elas sabem fazer.

O ”dia da vovó” deveria ser comemorado com o mesmo entusiasmo e pompa do dia das mães! ( ( (autora: a avó de Gabriela,que zela por sua neta com muito amor!) Suely.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Memórias dos anos 40...



Nossa família tinha grande simpatia por Getúlio, assim chamado pelo povo em geral. Sob o cognome de “Pai dos pobres” era amado pelo povo brasileiro e odiado pela “Elite”, muito compreensível, hoje em dia se vê o mesmo, que é difícil um governo agradar à esses” dois senhores” ao mesmo tempo. Político gaúcho,liderou o movimento antioligárquico que pôs fim à República Velha. Foi eleito presidente pela Assembléia Constituinte de 1934. Implantou a ditadura do Estado Novo em 1937. Deposto em 45,voltou a ser eleito pelo povo em 1951.Neste mandato levantou bandeiras nacionalistas, mas facilitou a entrada de capital estrangeiro ao mesmo tempo.
Criou leis, que beneficiaram o povo, tal qual: o salário mínimo e aposentadoria, que faz ,até hoje justiça ao povo brasileiro;dentro dessas leis estão embutidas uma série de direitos aos trabalhadores. Terminada a guerra em junho de 1945 com o lançamento da “Bomba Atômica”em Hiroshima e Nagasaki no Japão, soou a hora de enterrar os mortos e salvar os vivos. O mundo inteiro chorando seus mortos, a destruição era geral na Europa, mas as conseqüências foram sentidas no planeta inteiro! Em virtude das constantes informações de acesso ao povo , era normal que uma criança, nos seus sete ou oito anos de idade,memorizasse os paises da Europa e suas capitais;eu, que também fazia parte desse elenco, identificava alguns mapas, línguas,continentes e povos sem grandes esforços.
Passados em parte os traumas que tudo pode ter causado durante esse período, nossa família, foi presenteada com a chegada da Vânia, primeira neta de nossos pais. Um alento para a nossa mãe, direcionando a ela toda a sua atenção. Sua alegria culminou com seu falecimento em 14 de Maio de 1946 quando Vânia tinha 11 meses de idade. Desta data em diante nossa preocupação passou a ser com nosso pai, que parecia ter perdido o seu “horizonte”; eu ficava muito triste ao vê-lo tão solitário em seu quarto, tentando fazer alguma coisa! Meus irmãos ficavam chamando papai para distraí-lo. Começou então a fazer viagens a trabalho,como inspetor do Banco do Brasil,sendo assim a forma encontrada para continuar a vida. Ele era uma pessoa tão organizada que não esquecia nem de levar em sua malinha de viagem uma caixinha de costura com agulha e fios ,caso viesse a precisar para pregar botão. Nossa vida modificou-se, daí em diante, sem mãe e papai ausente quase o tempo todo, os encargos da família e da casa ficaram com Waldir Badina e Ecila, que casou logo depois,não sendo nada fácil para eles,com três adolescentes em casa e duas crianças . Neusa foi para o internato no colégio “ Bom Conselho” em Porto Alegre e eu fiquei no colégio “ Coração de Jesus “ em Florianópolis.
Do que eu gostava mesmo era do grande corredor do terceiro piso do colégio, onde ficavam várias salas de piano do lado direito, e do lado esquerdo um museu bem organizado .Recomeçaram as aulas de piano com a Irmã Solanis, minha professora. As escalas e os exercícios eram cansativos.
Minha paixão era: Chopin, Beethoven, Mozart e Duran, e outros, porém, Chopin sempre foi meu preferido; muito divulgado pelo filme americano: “ À noite sonhamos”. Essas dependências ficavam do lado sul, onde o vento batia mais forte nos eucalíptos,produzindo um assobio, envergando-os de um lado para o outro, no pátio sul. Até hoje minhas aulas de piano, nunca foram esquecidas. Posso dizer que: depois de Deus, da família, dos amigos,eu amo o“Piano”. Entrei no corredor da ala dos pianos, procurando uma sala desocupada eram muitas as alunas que praticavam piano ou violino. Agora é sério... o compartimento foi invadido por alguém com grossos óculos, régua na mão, aroma de roupa preta usada,largas mangas compridas tendo nas pontas duas mãos tão brancas...eu deduzi que era a própria: Irmã Solanis.; quando eu errava uma nota ela tocava meus dedos para que eu as repetisse; depois fiquei a pensar...” como deve ser difícil conservar toda essa roupagem, toneladas de roupa, sempre cheirosinha!, nesse tempo não havia máquina de lavar,nem secadoras! Terminado horário fui para o pátio, para o lanche da tarde , depois vinha a hora do estudo livre, então eu e minhas colegas aproveitávamos para bater um papo,aí chegou a Irmã Constança e acabou nossa alegria; começou a distribuir a correspondência que vinha das estudantes da França, para nós do magistério; por êsse trabalho, que meu francês não ficou em completo esquecimento.
Gosto muito de esporte, principalmente voley; como não tinha estatura suficiente não conseguia ser uma boa jogadora, já no tênis, era preciso muito talento; outra coisa que eu não tinha... , mas dava pro gasto; na quadra o que mais fazia era juntar as bolas; adorava ver os outros jogarem. Lá do alto, do alambrado dos jogos, no limite do morro podia-se ver as moças passarem desfilando seus trajes de última moda;as sáias “godê ponche”, à poucos metros do chão,sapatinhos balé em cores combinando com os vestidos; eu, lá de cima, acenava para as pessoas que eu conhecia;sentindo-me prisioneira naquele morro cercado de telas. O uniforme do colégio era comprido, 25 cm do chão e o mais incrível era o calção de ginástica, que tinha que cair como uma saia, até o joelho.
Nós, as internas, levantávamos todas as manhãs às cinco e meia com o dia ainda amanhecendo, caminhávamos pelos corredores de olhos quase fechados,presos na colega da frente, como sonâmbulas,em direção á capela. O sono era muito grande, todas caladas, cheias de preguiça,andando como autômatas, como se já soubesse o caminho décor.
Descíamos a escadaria que dava para o pátio interno, quando éramos tomadas por uma brisa fresca da manhã e se respirava fundo de satisfação. O ar da noite que se despedia era penetrante. Dava vontade de voar...parávamos no topo da escada para dar passagem às freiras que desciam da sua clausura(quarto de dormir);o maior desejo de qualquer aluna era conhecer esse” quarto,” ao passarem por nós, sentíamos novamente o cheiro de roupa usada; as freiras eram muito queridas, mas se cuidavam na afeição às alunas, somente a Deus!.
Era um desfilar de criaturas, igualmente vestidas que passavam diariamente à mesma hora, sempre na mesma ordem, da mesma forma, provocando estalidos na escada de madeira. Todas caladas... muito caladas...só o “ fru fru” de suas toneladas de roupas.



A ordem, a disposição e os lugares na capela,eram sempre os mesmos, nos bancos ficavam as bolsas de pano preto,guardando o véu, o rosário e o missal; a capela tinha cheiro intenso de velas, círios acesos,com pouca luminosidade como se algo funério fosse lá acontecer. Havia algumas freiras que nos despertaram uma afeição especial; uma delas foi a Irmã Veronice, gaúcha,meiga, muito amiga, com um grande coração,uma verdadeira serva de Jesús. Quando encontrávamos pelos corredores com algumas de nossas freiras nós as cumprimentávamos dizendo; “Louvado seja Nosso Senhor Jesús Cristo, irmã”´!; quando passávamos apressadas era `somente: “Cristo ,irmã”!. Por várias ocasiões, nos levavam a passeio pelas praias de, a gente se divertia muito. Fiquei muito feliz, no dia em que nós , alunas do magistério,escolhidas pela irmã Maria Tereza, Florianópolis, em piquenique


fomos ao Palácio do Governo, recepcionar o nosso presidente Getúlio Vargas, que nos cumprimentou com um aperto de mão!. Êle estava em visita por Florianópolis. Foi organizado um desfile em sua homenagem!.