sábado, 7 de agosto de 2010

Heroi que não morre.

Heroi que não morre.

Era filho hoje sou pai
Quantas vezes você me carregou
E eu alegre por ter estes braços para me amparar
Hoje sinto sua falta
Ampara-me e consola-me
Com meus filhos
Que se sentem seguros
Assim como um dia me senti nos seus
Pai , saudosa lembrança que você me traz
Criança que com geito sublime me diz:
- Pai -
E eu me orgulho desta palavra
Que segurança fratuna , que nela traduz
Voce foi o porquê , sempre companheiro e amigo.
Sempre ao meu lado
Espelho - me nas coisas boas
Não tento te imitar
Mas não te ter como heroi não há geito
Não dá
Hoje quando meu filho me imita
As vêzes me irrita
Atrapalha meu serviço e sem paciência o tiro
Logo o chamo de voltá
Filho ninguem poderá tirar essa amizade
Pois você é meu filho
Amanhã será pai.
Era criança
Era seu filho
Hoje sou pai .


Autor : Elvert Cunha ,Mecânico de Aeronaves da base . Webjet em Salvador

quarta-feira, 17 de março de 2010

“Como aproveitar a folga do sábado”

Éramos nós dois, eu e meu neto de dez anos, num sábado,cedinho’, quando o sol ensaiava seu primeiro espetáculo da manhã , daqueles dias de outono, levantei da cama motivada pela folga do final de semana, sem trabalho ou escola, olhei para ele que dormia com o rosto colado no travesseiro, chamei pelo seu nome:-Guy!, tive uma idéia, vamos ao Super mercado, passear, fazer umas compras, enfim , aproveitar nossa folga? Que tal! ... exclamamos Aleluia! , um para o outro, genial ,genial!

Jornada

Estava bem no horário do ônibus e, já praticando um “Cooper” saímos correndo atrás. Fora do ponto o degrau fica mais alto, demos um salto triplo... entramos. Até alcançarmos o nosso objetivo, tudo correu bem.

2º Jornada

Depois das compras pelo caminho ,já começávamos a nos sentir super criaturas carregando pesados volumes, praticando”halterofilismo.” Ensacolados e perdidos pegamos um ônibus atolado de outros tantos.

De repente:- Oba!. Um lugar ali ( porquê será que estava vago???) logo que o Guy sentou reparamos que o mesmo havia sido ocupado por alguém que, por motivos óbvios tinha chamado pelo “hugoe joel”; ainda estava fresquinho o chão. Procuramos nos afastar dali o mais rápido possível Pensei que tínhamos entrado num ônibus, mas aquilo era uma verdadeira academia de ginástica

Fizemos “alongamento” para segurar nos apoiadores; “musculação” , cada vez que o ônibus mudava o rumo;” flexão abdominal”, quando parava e um rolo compressor tentava o “ go out”por último chegou o Colinão Houve na entrada uma verdadeira dança das cadeiras

Finalmente fomos impelidos para fora e, demos graças a Deus, quando tivemos certeza de que nossa saúde continuava perfeita. Ufa!

Moral da estória: Passeie nos dias de folga, relaxe-se, não fique em casa , aproveite a vida.

E ,BOA SORTE!

Data do sinistro 22 de 05 de 1999.

domingo, 28 de junho de 2009

UM ALÔ AO SISTEMA...(texto número 7}

A vida das últimas décadas está mudando, isto é, modificando-se dentro e fora de nossas casas. O que causa tudo isto? Não se pode afirmar com precisão, sendo que faz parte da evolução que o mundo sofre através dos tempos.

Vamos dar uma grande folheada ao passado, e toparemos com um fato responsável pelo começo do grande impulso que transformou a vida do ser humano no planeta: a invenção da roda. Pode-se dizer que aí foram abertas as cortinas do palco da vida, dando margem à uma sucessão de descobertas através dos tempos; toda a evolução tem seus dois lados, como faces de uma moeda:” os que crescem com ela, e os que pagam a conta...”

O ser humano, com a sabedoria que o CREADOR lhe conferiu, não parou por ali, depois da descoberta da eletricidade a evolução acelerou, de maneira mais rápida, a sua aplicação para novos e determinados fins.

Está claro que tudo contribuiu, que em pouco tempo fossem sentidas mudanças na vida das pessoas cujos costumes foram se modificando numa adaptação aos apelos da sociedade. Em tempos passados, as famílias costumavam se reunir às refeições no meio do dia: pai, mãe, filhos e avós etc...,firmando uma união familiar, sendo que ao jantar, essa prática se repetia, colocando, uma ordem no seu cotidiano, com os ajustes de assuntos que ficaram pendentes no decorrer do dia. Trocavam-se idéias, queixas ou alegrias, com a figura do pai e mãe, encabeçando a ordem familiar. O pai provia as necessidades econômicas da casa e a mãe participava na ordem, segurança e respeito, mantendo o conceito de autoridade perante os filhos.

O tempo foi passando, e a tranqüilidade dos velhos tempos foi abrindo espaço para a agitação das novidades que foram surgindo. O mundo foi se tornando palco de muitas mudanças; as novidades em aparelhos eletrônicos de larga recreação foram atraindo as famílias e as donas de casa por eletrodomésticos.

O rádio, que até então, era a principal fonte de notícias, tornou-se obsoleto, com o surgimento do televisor, que proporcionava “áudio e vídeo,”o novo “ETÊ” das paradas do sucesso! Essas novidades, no princípio, eram adquiridas apenas, por pessoas de maior poder econômico; os valores desses aparelhos eram muito altos, com o passar do tempo foram baixando, sendo que nos dias atuais fazem parte da vida dos mais carentes.

As donas de casa foram presenteadas com outra ordem de benefícios: a invasão dos eletrodomésticos tais como: liquidificadores, máquinas de lavar e centrifugar, aspiradores de pó, fogões a gás etc...

Assim, as empregadas domésticas: cozinheiras, copeiras e outras “EIRAS”, iam sendo dispensadas; foi um grande choque, para essas serviçais, que contribuíam para aumentar a renda familiar de suas casas, serem obrigadas a procurar novas alternativas.

Com a adoção desta nova vida, a harmonia da família sofreu mudanças. Para adquirir tudo isso e ingressar no mundo fantástico de toda essa parafernália, envolvida com as notícias do mundo, a mulher valeu-se de uma nova postura diante de si mesma, entre vários outros motivos, resolveu partir em busca de novos valores para sua vida.

O mundo crescia rápido demais e o aumento da renda familiar se fazia necessário. Lucros e perdas andaram lado a lado. Enquanto a mulher começava a conhecer sua potencialidade, a família perdia, através dos filhos, a vigilante mãe e o companheirismo.

Correndo atrás de valores diferentes, dando asas à empolgação, começou a cursar o ensino superior, diplomar-se, prestar concursos e ingressar ativamente, com certa propriedade, na carreira diplomática, cargos executivos e almejar até a presidência da república. Como ficaram os filhos? Como ficou o aconchego familiar?

Não há culpa de ninguém que os caminhos do mundo sejam estes.

A responsabilidade é do “Todo” um pouco de tudo e de todos.

...E o mundo continua em franca evolução, tudo contribuindo para sacudir com a estabilidade da instituição mais antiga que é a família. As fronteiras dos paises, silenciosamente, foram dando passagem para uma inescrupulosa mercadoria o mundo das drogas; atingindo os jovens incautos, chegando às crianças inocentes. Os lares carentes da vigilância de uma família presente.

Ficaram a mercê da desagregação. A situação de desespero tomou conta de pais impotentes, que não tem idéia do que fazer diante desta catástrofe da proliferação das drogas instaladas no mundo.

Nossos filhos, diante dos perigos que há tempos vem ameaçando sua liberdade perderam, de sua infância o direito de brincar livremente, subir em árvores, colher frutos, pelos perigos ameaçadores dos estranhos, por motivos vários que todos conhecem. As babás nem sempre são pessoas confiáveis.

Felizes as famílias que possuem em casa as vovós que se dedicam a zelar por seus filhos, dando aquela mãozinha que só elas sabem fazer.

O ”dia da vovó” deveria ser comemorado com o mesmo entusiasmo e pompa do dia das mães! ( ( (autora: a avó de Gabriela,que zela por sua neta com muito amor!) Suely.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Memórias dos anos 40...



Nossa família tinha grande simpatia por Getúlio, assim chamado pelo povo em geral. Sob o cognome de “Pai dos pobres” era amado pelo povo brasileiro e odiado pela “Elite”, muito compreensível, hoje em dia se vê o mesmo, que é difícil um governo agradar à esses” dois senhores” ao mesmo tempo. Político gaúcho,liderou o movimento antioligárquico que pôs fim à República Velha. Foi eleito presidente pela Assembléia Constituinte de 1934. Implantou a ditadura do Estado Novo em 1937. Deposto em 45,voltou a ser eleito pelo povo em 1951.Neste mandato levantou bandeiras nacionalistas, mas facilitou a entrada de capital estrangeiro ao mesmo tempo.
Criou leis, que beneficiaram o povo, tal qual: o salário mínimo e aposentadoria, que faz ,até hoje justiça ao povo brasileiro;dentro dessas leis estão embutidas uma série de direitos aos trabalhadores. Terminada a guerra em junho de 1945 com o lançamento da “Bomba Atômica”em Hiroshima e Nagasaki no Japão, soou a hora de enterrar os mortos e salvar os vivos. O mundo inteiro chorando seus mortos, a destruição era geral na Europa, mas as conseqüências foram sentidas no planeta inteiro! Em virtude das constantes informações de acesso ao povo , era normal que uma criança, nos seus sete ou oito anos de idade,memorizasse os paises da Europa e suas capitais;eu, que também fazia parte desse elenco, identificava alguns mapas, línguas,continentes e povos sem grandes esforços.
Passados em parte os traumas que tudo pode ter causado durante esse período, nossa família, foi presenteada com a chegada da Vânia, primeira neta de nossos pais. Um alento para a nossa mãe, direcionando a ela toda a sua atenção. Sua alegria culminou com seu falecimento em 14 de Maio de 1946 quando Vânia tinha 11 meses de idade. Desta data em diante nossa preocupação passou a ser com nosso pai, que parecia ter perdido o seu “horizonte”; eu ficava muito triste ao vê-lo tão solitário em seu quarto, tentando fazer alguma coisa! Meus irmãos ficavam chamando papai para distraí-lo. Começou então a fazer viagens a trabalho,como inspetor do Banco do Brasil,sendo assim a forma encontrada para continuar a vida. Ele era uma pessoa tão organizada que não esquecia nem de levar em sua malinha de viagem uma caixinha de costura com agulha e fios ,caso viesse a precisar para pregar botão. Nossa vida modificou-se, daí em diante, sem mãe e papai ausente quase o tempo todo, os encargos da família e da casa ficaram com Waldir Badina e Ecila, que casou logo depois,não sendo nada fácil para eles,com três adolescentes em casa e duas crianças . Neusa foi para o internato no colégio “ Bom Conselho” em Porto Alegre e eu fiquei no colégio “ Coração de Jesus “ em Florianópolis.
Do que eu gostava mesmo era do grande corredor do terceiro piso do colégio, onde ficavam várias salas de piano do lado direito, e do lado esquerdo um museu bem organizado .Recomeçaram as aulas de piano com a Irmã Solanis, minha professora. As escalas e os exercícios eram cansativos.
Minha paixão era: Chopin, Beethoven, Mozart e Duran, e outros, porém, Chopin sempre foi meu preferido; muito divulgado pelo filme americano: “ À noite sonhamos”. Essas dependências ficavam do lado sul, onde o vento batia mais forte nos eucalíptos,produzindo um assobio, envergando-os de um lado para o outro, no pátio sul. Até hoje minhas aulas de piano, nunca foram esquecidas. Posso dizer que: depois de Deus, da família, dos amigos,eu amo o“Piano”. Entrei no corredor da ala dos pianos, procurando uma sala desocupada eram muitas as alunas que praticavam piano ou violino. Agora é sério... o compartimento foi invadido por alguém com grossos óculos, régua na mão, aroma de roupa preta usada,largas mangas compridas tendo nas pontas duas mãos tão brancas...eu deduzi que era a própria: Irmã Solanis.; quando eu errava uma nota ela tocava meus dedos para que eu as repetisse; depois fiquei a pensar...” como deve ser difícil conservar toda essa roupagem, toneladas de roupa, sempre cheirosinha!, nesse tempo não havia máquina de lavar,nem secadoras! Terminado horário fui para o pátio, para o lanche da tarde , depois vinha a hora do estudo livre, então eu e minhas colegas aproveitávamos para bater um papo,aí chegou a Irmã Constança e acabou nossa alegria; começou a distribuir a correspondência que vinha das estudantes da França, para nós do magistério; por êsse trabalho, que meu francês não ficou em completo esquecimento.
Gosto muito de esporte, principalmente voley; como não tinha estatura suficiente não conseguia ser uma boa jogadora, já no tênis, era preciso muito talento; outra coisa que eu não tinha... , mas dava pro gasto; na quadra o que mais fazia era juntar as bolas; adorava ver os outros jogarem. Lá do alto, do alambrado dos jogos, no limite do morro podia-se ver as moças passarem desfilando seus trajes de última moda;as sáias “godê ponche”, à poucos metros do chão,sapatinhos balé em cores combinando com os vestidos; eu, lá de cima, acenava para as pessoas que eu conhecia;sentindo-me prisioneira naquele morro cercado de telas. O uniforme do colégio era comprido, 25 cm do chão e o mais incrível era o calção de ginástica, que tinha que cair como uma saia, até o joelho.
Nós, as internas, levantávamos todas as manhãs às cinco e meia com o dia ainda amanhecendo, caminhávamos pelos corredores de olhos quase fechados,presos na colega da frente, como sonâmbulas,em direção á capela. O sono era muito grande, todas caladas, cheias de preguiça,andando como autômatas, como se já soubesse o caminho décor.
Descíamos a escadaria que dava para o pátio interno, quando éramos tomadas por uma brisa fresca da manhã e se respirava fundo de satisfação. O ar da noite que se despedia era penetrante. Dava vontade de voar...parávamos no topo da escada para dar passagem às freiras que desciam da sua clausura(quarto de dormir);o maior desejo de qualquer aluna era conhecer esse” quarto,” ao passarem por nós, sentíamos novamente o cheiro de roupa usada; as freiras eram muito queridas, mas se cuidavam na afeição às alunas, somente a Deus!.
Era um desfilar de criaturas, igualmente vestidas que passavam diariamente à mesma hora, sempre na mesma ordem, da mesma forma, provocando estalidos na escada de madeira. Todas caladas... muito caladas...só o “ fru fru” de suas toneladas de roupas.



A ordem, a disposição e os lugares na capela,eram sempre os mesmos, nos bancos ficavam as bolsas de pano preto,guardando o véu, o rosário e o missal; a capela tinha cheiro intenso de velas, círios acesos,com pouca luminosidade como se algo funério fosse lá acontecer. Havia algumas freiras que nos despertaram uma afeição especial; uma delas foi a Irmã Veronice, gaúcha,meiga, muito amiga, com um grande coração,uma verdadeira serva de Jesús. Quando encontrávamos pelos corredores com algumas de nossas freiras nós as cumprimentávamos dizendo; “Louvado seja Nosso Senhor Jesús Cristo, irmã”´!; quando passávamos apressadas era `somente: “Cristo ,irmã”!. Por várias ocasiões, nos levavam a passeio pelas praias de, a gente se divertia muito. Fiquei muito feliz, no dia em que nós , alunas do magistério,escolhidas pela irmã Maria Tereza, Florianópolis, em piquenique


fomos ao Palácio do Governo, recepcionar o nosso presidente Getúlio Vargas, que nos cumprimentou com um aperto de mão!. Êle estava em visita por Florianópolis. Foi organizado um desfile em sua homenagem!.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um pouco dos anos 37 em diante






O sol estava escaldante, naqueles dias de verão. Não dava para se andar descalço pelas calçadas sem ficar aos pulos, e era só o que dizíamos: ai..ai..ui..ui.. e assim foi até o fim da quadra. Queríamos chegar até a esquina, no armazém bem onde começava a rua Anita Garibaldi, de onde se avistava velho cine Odeon. Íamos eu e Neusa comprar balinhas queimada, que eram uma delícia, especialidades da casa, por 10 por um tostão!
Hoje pergunta-se :---“ O que é um tostão?” ora um tostão é um termo dos anos trinta, som de tempo feliz para uns.. som de guerra para outros , pode lembrar também sofrimento para grande parte do mundo quando no final de Setembro de 1939estourou a segunda guerra mundial.
Por algum tempo , levávamos nossa vida, não tínhamos sentido os efeitos do que acontecia lá fora, me refiro, na Europa. O que ouvíamos não chegávamos a assimilar muito o que é dor, porque as nossas idéias se dissipavam nas próximas brincadeiras.
Deixávamos que a vida transbordasse sem escapar do nosso domínio; deixávamos que a brisa ou o calor das manhãs nos transportasse para nossas fantasias. O portão de ferro da frente de casa batia sempre forte ao impulso de nossas mãos sempre apressadas; uma escada de dezoito degraus larga com beiradas arredondas, nos levava ao piso superior da casa ; era o nosso passatempo: subindo e descendo os degraus de dois em dois ousadamente. Estávamos sempre juntas eu e Neusa numa cumplicidade a toda prova. Certa manhã, mamãe enxugava os cabelos na varanda, quando subiu as escadas de repente, uma cigana,com sotaque espanhol, que foi logo perguntando: --“ senhora quer ver la suorte?”; mamãe assustou-se com tais palavras e entrando em casa foi dizendo:”;obrigada, eu não creio nestas coisas!; ela continuou insistindo e falou: “ a senhora vai mourir cedo e vai sofrir mutcho”;de fato isto aconteceu.
Pobre mamãe!tão bondosa, amada por todos que a conheciam. Havia uma infinidade de gente protegidas por ela ;quantas vezes fui com ela junto às lojas fazer as compras de natal,: presentes para: copeira e suas famílias igualmente à cozinheira, jardineiro até para o verdureiro . etc... Lola nossa copeira, por vêzes,furtou objetos de uso, cordãozinhos de ouro, relógio de pulsode nosso uso,mas mamãe sempre se comovia com seu choroso pedido de desculpas.
Assim eram os nossos dias ,papai sempre preocupado com a saúde frágil de nossa mãe. Amavam-se muito, jamais ouvi alguma palavra desrespeitosa entre os dois.
Éramos uma grande família grande! Ecila cuidava muito dos irmãos menores tirando o peso de cima de mamãe cuidando do “ seu bem estar”; nos seus quinze anos houve uma festa de aniversário inesquecível; minha irmã estava muito bonita, eu me orgulhava muito dela.
Nesta época, eu já era estudante no Colégio Coração de Jesús,na terceira série ,mais ou menos oito horas da manhã, eu ainda dormia, pois o meu colégio era à tarde, fui acordada com um barulho muito grande na porta da frente como se alguém quisesse arrombá-la tanto que sacudia. Os objetos que estavam em cima do guarda roupa começaram a cair ; em seguida escutei vozes de todos de casa falando ao mesmo tempo fazendo a mesma pergunta:-- “ que está acontecendo , que é isso ,meu Deus! Tudo sacudia sem explicação parecia o fim do mundo!. De repente tudo parou... fomos para fora e vimos todo o mundo fazer o mesmo,a rua ficou cheia de gente de pijama .
As rádios comentavam notícias de que fora um, pequeno terremoto, reflexo do Chile; depois de verificarmos não ter havido maiores conseqüência e que não passou de um grande susto , começaram os palpites imagina si fosse aqui o local atingido... meu Deus só temos que agradecer!Passado o susto eu pensei ( bem que poderiam suspender as aulas por hoje!): --“ mamãe eu vou pra aula hoje?
“lá de dentro ela respondeu: -- vai sim agora não há mais perigo” ... e se,os prédios começarem a rachar e a terra se abrir...como nos filmes!...!
Eu fui para a escola, fim do drama; mamãe rezou agradecendo a Deus pela Sua proteção.
Mamãe rezava sempre em que se recolhia em seu quarto.Bem pequena,ainda, antes do nascimento de minhas irmãs menores,ela recostava-se em sua cama para que eu e Neusa adormecêssemos e cantava uns versinhos de Jesus muito tristes, bem baixinho para que a gente dormisse, nós ficávamos comovidas e chorávamos com seus cânticos. Essas recordações me são muito caras, pois ela ficou tão pouco tempo conosco. Numa noite de maio Deus quis que ela cantasse para Ele também e a levou!...quando precisávamos mais dela.... a nossa dor foi muito grande! Daí por diante nossa vida não foi mais a mesma , perdeu o brilho e o sabor de felicidade!!. Em setembro de 1939 estoura a Segunda Guerra Mundial!!! Um abalo significativo para o mundo inteiro! .Quem ganhou? Quem perdeu?
Numa guerra não existem ganhadores, todos perdem!!! O comportamento do povo mudou o seu cotidiano.
Era só chegar em casa à noitinha, meu pai ligava o rádio e ficavam, ele e meus irmãos mais velhos atentos às noticias transmitidas pelo “Reporter Esso” ou “ BBC de Londres” sôbre os avanços dos combatentes lá no chão da Europa.
A guerra se prolongou por seis dolorosos anos, o povo até começou a se acostumar com a situação.
A ameaça à segurança produzia práticas de defesa à população. Em Florianópolis as ordens vindas eram de alerta constante, organizando treinamentos de defesa com ataques aéreos simulados, ordenando o povo a se recolher em suas casas,ou abrigos e deitarem-se ao chão quem estivesse nas ruas, nas horas determinadas. O tal sistema procurava militarizar diversos aspectos do dia a dia dos seus habitantes através de normas, com a exigência de que as janelas das casas fossem cobertas com panos escuros para eliminar focos de luz durante a noite. O Brasil entrou na guerra após sofrer ataques aos seus navios, que afundaram no oceano em 1942.
Foram mandadas nossas tropas de soldados para a Itália, onde obtiveram conquistas e perdas., deixando famílias brasileiras chorando seus filhos. A aluna do meu colégio o “ Colégio Coração de Jesús” : chamava-se Marília Cardoso, escreveu um artigo muito bonito, comovente que foi publicado na revista “ Pétalas” do colégio, naquele ano;----“A cidade está envolta em trevas, mas estaria completo o blackout? Instintivamente olho para o céu...que encanto! Fico enlevada com a maravilhosa beleza do firmamento estrelado....” , ( mais adiante)...---“ a humanidade confia apenas nos lumes da sua inteligência e conserva acesas só as luzes diplomáticas do bom senso e do direito internacional, formando o candelabro pomposo da razão”.
Florianópolis nunca foi bombardeada, todavia outras práticas de violência foram estabelecidas.
O governo de Nereu Ramos nas questões relacionadas com a educação, passou a adotar políticas de atenções nacionalizadoras, voltadas ao combate, a qualquer tentativa de manter, o uso da língua alemã. Nosso presidente da república era Getúlio Vargas!.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Minhas memórias (parte II)

Certo dia papai chegou em casa com uma notícia que deixou a todos muito admirados! e disse-“Fui transferido” . Fiquei atenta ao que ele comentava com mamãe e meus irmãos mais velhos: Waldir, Sílvio e Ecila, que já participava dos assuntos dos adultos. Fiquei preocupada; nem sei bem o que significava “trocar de cidade”. No primeiro instante pensei que tínhamos que deixar nossas coisas, meus brinquedos, as bonequinhas gêmeas:Lalá e Lulú que eu havia ganho da minha madrinha ,tia Marieta,vestidinhas com roupinhas de marinheiro; quando eu as punha a andar , fazinham dobrinhas nas calcinhas como gente ; e o circo do Sílvio que ele armava no quintal de casa, eu era equilibrista e ficava em pé nos ombros dele! Será que o circo não podia ir também? Estava triste ,como poderia eu ficar sem ver mais o rio com as embarcações, moinho de vento, a roda d’água as bicicletas e tudo mais... Pela primeira vez em minha vida me senti prestes a perder coisas que eu me apegava tanto.
Aqui começa a segunda fase das minhas memórias: “ Florianópolis”
Comecei a ficar curiosa pelo novo lugar , quando mamãe comentava-“: vocês vão gostar de ver o mar;” nem podia imaginar tanta água numa bacia tão grande!
A ponte é muito bonita, tão grande que as embarcações passam por baixo; tem também uma igreja, a catedral da cidade,com imagens grandes em tamanho natural,que era conhecida como “Fuga para o Egito” ; a família sagrada , é uma obra magnífica talhada em madeira muito admirada pelos visitantes.
Chegou o dia da partida! Já não sentia mais as sensações de perda que deram
lugar à ansiedade pela viagem, passeio de carro e as novidades que viriam .na viagem; mamãe trazia a Alicinha no seu colo e a Celinha com a Ecila ; eu e Neusa dormimos o tempo todo; acho que o Mauro , com seus oito anos já ficava atento às atrações que uma viajem oferece; ele era um lindo menino que chamava atenção à todos;mamãe tinha um xodozinho especial por ele.
Ah! Eu disse o nome de todos menos o meu: sou a Suely.
Chegamos!!!!ufa..!
Fomos recebidos muito bem por tio Celso tia Vina,que de braços abertos nos esperavam., assim como, a meiga e doce Alicinha, filha deles, nossa prima.
Já caia a noite e depois dos abraços muitos beijos e largos sorrisos nos sentamos à mesa para jantarmos .A mesa de meus tio lotou :- Célia a família cresceu bastante!.
Mamãe se orgulhava da sua prole. Fiquei observando a louça que servia a mesa; a louça do serviço de jantar era muito bonita, azul, quadrada bem diferente do comum, meu tio sorria de satisfação pela alegria de ter ao seu lado ,Célia sua irmã tão querida. Ecila e Alicinha ( prima) conversavam sobre assuntos de jovens.; enquanto eu continuava observando tudo ; achei meu tio um homem simpático, de olhar expressivo, bigodes tipo português; fumava muito e sua roupa cheirava a cigarro., ficou parado nos olhando: mamãe com a pequena Alice no colo,Celinha pela mão, Neusa meio escondida atrás de mim e eu escutando sobre as vantagens que esta vinda teria para a família principalmente para o tratamento de saúde que mamãe precisava. Embora atarefado em desfazer as malas papai conversava sobre ao atrativos que a ilha ia nos oferecer: passeios, as praias, ondas que balançavam os barcos, a fina areia como açúcar sem contar com a famosa ponte Hercílio Luz; falavam também na igreja, a Catedral,e suas célebres esculturas em madeira da” Fuga da família sagrada para o Egito” em tamanho natural ., tão perfeita que parecia de verdade. Assim Joinville foi ficando para atrás ...
Pela janela,as anormes e entalhadas folhas da bananeira do vizinho, balançava de um lado para o outro pela aragem de vento que soprava do mar. Eu tinha uma vontade enorme de conhecer este mar e imaginava uma grande bacia cheia ‘dágua.
Alicinha tinha uma bicicleta “Wander” onde aprendi a andar, que mais tarde foi passada para a Ecila em deploráveis circunstâncias por morte da Alicinha da qual nunca soubemos as verdadeiras causas.; foi um abalo muito grande na família.
Este verão foi o último antes da etapa importante da minha vida: começava o meu período escolar, antes porem, papai alugou uma casa na rua Bocaiúva onde passamos o natal e o ano novo. A casa era espaçosa e foi lá que se reuniu a família para as comemorações de fim de ano. Estava cheia a nossa casa, a alegria era contagiante e erguiam em pé as taças de “champagne”e se abraçavam. Lembro-me que olhava para eles , os adultos, e só via pernas que vendo a altura eram imensas, e eu pensava em crescer e ficar como eles
No jardim a gente pisava em conchinhas de praia aos montões,o mar era bem perto., logo aprendi a nadar a boiar e pegar piavinhas com a mão.
A primeira compra que fiz na minha vida foi um lápis de escrever em lousa de pedra e eu ainda não sabia nada de escrita só sei que , sem muita demora, nos mudamos para a avenida Hercílio Luz. Adeus mar na esquina, adeus jardim com bocas de leão e copos de leite e adeus às conchinhas.! Graças a Deus não foi difícil a adaptação na nova casa!
Não perdia em espaço para a outra, era até maior, com um jardim bem grande
cheio de árvores frutíferas de varias frutas. Havia uma parreira repleta de uvas de duas qualidades ,atraindo as visitas que chegavam; havia sempre o que fazer. Antes de chegar os anos quarenta , metade do ano de 1938 estoura uma guerra que envolveu todas as maiores nações do mundo a “ segunda guerra mundial” .
Este fato terá um relato especial!no próximo artigo de “Minhas ,memórias”.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Minhas memórias mais remotas

Um dia me disseram que eu devia escrever minhas memórias.
Aconteceu justamente por ocasião de minha aposentadoria. Fiquei nos primeiros dias que se seguiram um pouco perdida, sem saber como preencher o tempo em que sempre me ocupei trabalhando.
Desse dia em diante me empenhei em reunir os manuscritos onde guardei as anotações que a gente costuma escrever no decorrer da vida. Alguns jogam fora mas acho que esqueci de fazer isto, já que ocupava meu tempo com a casa, família e o trabalho. De repente pensei que poderiam estar num velho diário em alguma caixa de guardados. Jamais pensaria que me pudessem ser úteis um dia.
Começarei com a acolhedora e simpática cidade de Joinville onde fomos morar eu e minha família por ocasião da transferência de meu pai para lá, por motivos de trabalho. Joinville era uma cidade onde se concentrava um grande número de alemães imigrantes e industriais que deram enorme impulso tornando-a muito conhecida nacionalmente, atraindo comerciantes e até turista pelas suas indústrias.
Estabelecia também um grande comércio com o exterior. Vivemos lá bons e maus momentos agravados pela frágil saúde de nossa mãe. Nossa família cresceu em dois anos com o nascimento de mais duas irmãs e passamos a contar oito filhos.
Papai trabalhava no banco do Brasil, situação que época, não precisava de atividades paralelas para manter a sua família.
O que mais me divertia era observar o rio, que cortava uma parte da cidade, com suas embarcações, o moinho e a roda d’água, também o grande número de bicicletas transitando nas ruas; meu irmão Waldir tinha uma com farol, que era o seu meio de transporte todos os dias. Ele servia o exército CTA de Joinville chamado Tiro 40. Em 1935 houve a revolta Intentona comunista.
Certa manhã mamãe sentou-se na varanda, e pôs-se a fazer o seu trabalho em crochê, muito bonito,que eu ficava admirando por seu colorido; logo depois, meu irmão Waldir saiu para o seu trabalho. De repente voltou apressado atraído pela fumaça que saía pelas janelas de cima. Formou-se em seguida um alvoroça, todos correndo com baldes d’água para apagar o pequeno incêndio que começava a se formar. O fogo abriu um brecha no assoalho e minha irmã Ecila, pode ver suas miniaturas de porcelana que, eu e a Neusa, quando brincávamos, enfiávamos pelas frestas do assoalho; quando ela chegava do colégio sempre havia alguma arte feita pelas suas irmãs menores; quando nos sentíamos ameaçadas pelos seus beliscões, escondíamos atrás das sáias da mamãe.
Nessa época, nasceu minha irmã Celinha, que foi batizada com o mesmo nome de minha mãe; assim foi carregando o seu nome no diminutivo pela vida a fora. Quando começou a andar, já mostrava o seu talento de bailarina e dançava em cima da mesa sob os aplausos da família ao som das músicas de Carmem Miranda, artista brasileira de maior sucesso, na época os nossos natais eram muito comemorados com pinheirinhos de velas acesas e os presépios armados artisticamente pêlo Waldir e mamã; papai se ocupava com os comestíveis, alem de frutas e marzipã; perto de chegar o “bom velhinho, Ecila dava umas voltinhas lá fora, para distrair os menores, tentando mostrar a carruagem do papai Noel descendo as nuvens puxadas por suas renas, jamais cheguei a ver esta fantasia.
Foram bem marcantes, para mim, os acontecimentos desta época, não podendo deixar de relatar a revolta comunista no país em 1935.
As casas e lojas comerciais dos alemães eram marcadas com um X em vermelho e apedrejadas. A maioria da população assustada recolheu-se em suas casas.
Os nossos soldados vestiam faixas verdes na cintura, por isso, os catarinenses de Joinville receberam o apelido de “Os barriga verde”.


Em 1937 chegou a caçulinha Alice, nome repetido de nossa avó. Foram ao todo oito Alice na família, que dava uma certa confusão:-- De qual Alice vocês estão falando?.. As minhas memórias aqui relatadas são as mais remotas de minha vida em Joinville antes da família se transferir para minha terra natal “Florianópolis”.
Um grande acontecimento na época foi a passagem de um famoso “ dirigível” pelos céus de Joinville o “Zeppelin”; as rádios da cidade comunicaram à toda a população que o dirigível passaria lá pelas nove horas da manhã do dia 1º de julho de 1934“?” E todos foram para as ruas ficando com os olhos presos nos céus para esperá-lo passar. Era majestosamente lindo!!!







Notificação importante: em 1937, um Zeppelin a hidrogênio, o “Hindenburgo”, incendiou-se em Lakehurst, Nova Jérsei. Depois deste desastre, o dirigível não foi mais usado como meio de transporte.